Vazio sanitário é o período em que é proibido manter nas lavouras plantas vivas de soja
Publicado em 06/02/2022, às 13h56 – Fábio Oruê
O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) publicou Portaria com os períodos de vazio sanitário para a cultura da soja para o ano de 2022. Em Mato Grosso do Sul, o vazio da soja permanece de 15 de junho a 15 de setembro.
No período de 90 dias fica proibido o cultivo do grão, sob risco de penalidades. Para o superintendente de Ciência, Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar), Rogério Beretta, a portaria ratifica o que foi determinado pelo Conselho Estadual de Prevenção e Combate a Ferrugem Asiática no Estado.
Vazio Sanitário da Soja é o período em que é proibido manter nas lavouras plantas vivas de soja. Para respeitar o vazio sanitário, após a colheita da soja o produtor precisa destruir as plantas por meio da aplicação de produtos químicos ou com métodos físicos.
A campanha realizada para divulgação do período pela Semagro e a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), conta com a parceria da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de MS) e Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
O período de plantio da oleaginosa no Estado acontece entre os dias 16 de setembro a 31 de dezembro e o cadastro de área plantada é obrigatório, devendo ser realizado no site do Iagro no período entre 1º de setembro e 10 de janeiro ou até mesmo fora dele.
O vazio sanitário é crucial para evitar a expansão de focos de ferrugem asiática nas lavouras, sendo a doença de maior expressão da cultura da soja.
Semeadura da soja
O vazio sanitário e a calendarização da semeadura da soja são estratégias para o manejo da ferrugem-asiática da soja, mas essas medidas têm objetivos bem diferentes. O vazio sanitário é o período de, no mínimo, 90 dias sem a cultura e plantas voluntárias no campo. O objetivo do vazio sanitário é reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem-asiática durante a entressafra e assim atrasar a ocorrência da doença na safra.
No Brasil, treze estados e o Distrito Federal adotaram essa medida, estabelecida por meio de normativas. E, além do Brasil, o Paraguai também estabeleceu o período de vazio sanitário, lá chamado de “pausa fitossanitária”.
O fungo que causa a ferrugem-asiática é biotrófico, o que significa que precisa de hospedeiro vivo para se desenvolver e multiplicar. Ao eliminarmos as plantas de soja na entressafra “quebramos” o ciclo do fungo, reduzindo assim a quantidade de esporos presentes no ambiente.
A calendarização da semeadura da soja é a determinação de data-limite para semear a soja na safra. Essa medida foi estabelecida também por normativas estaduais pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Tocantins, Bahia e Mato Grosso do Sul.
O objetivo da calendarização é reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e com isso reduzir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas. Populações menos sensíveis a fungicidas inibidores da desmetilação (IDM ou “triazóis”), inibidores de quinona externa (IQe ou “estrobilurinas”) e inibidores da succinato desidrogenase (ISDH ou “carboxamidas”) já foram observadas no campo.
Semeaduras tardias de soja podem receber inóculo (“sementes” do fungo) já nos estágios vegetativos, exigindo a antecipação da aplicação de fungicida e demandando maior número de aplicações. Quanto maior o número de aplicações, maior a exposição dos fungicidas e maior a chance de acelerar o processo de seleção de populações resistentes a esses fungicidas.
Fonte: Midiamax.