Na análise pericial do acidente não foi identificada ação humana específica que tenha provocado o desabamento
(crédito: Reprodução/Redes Sociais)
Inquérito da Polícia Civil concluiu que a queda de uma rocha num cânion no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), provocando a morte de 10 pessoas, foi resultado de um “evento natural”. Na análise pericial do acidente, ocorrido em 8 de janeiro, não foi identificada ação humana específica que tenha provocado o desabamento.
“A causa para o tombamento do bloco de quartzito está relacionada ao processo natural de remodelamento de relevo, processo comum em toda a região do cânion de Capitólio”, informa o relatório policial.
Mesmo que as apurações tenham descartado causa humana, o relatório da Polícia Civil aponta que a tragédia poderia ter sido evitada e que medidas oficiais precisam ser tomadas de imediato, já que não se desconsidera o risco de outras rochas caírem a qualquer momento.
“Tudo poderia ter sido evitado. Hoje, sabemos que há necessidade de termos um estudo de mapeamento do movimento de massa. Há necessidade de mudanças das nossas leis para que esses estudos de mapeamento geológico sejam considerados”, apontou o delegado Marcos Pimenta, da regional de Passos.
Com base nesses estudos, a Polícia Civil elaborou uma lista de sugestões a ser encaminhada aos órgãos e instituições responsáveis pelo licenciamento e pela fiscalização da região. Entre elas, estão o mapeamento de todas as zonas de risco por geólogos e outros profissionais especializados, a redução do número de embarcações nos cânions, a proibição de passeios turísticos quando há comunicação de advertência pela Defesa Civil, e o fortalecimento das fiscalizações.
No trabalho, um grupo de peritos fez levantamento geológico e arquitetônico do local. O perito criminal Rogério Shibata explicou que alguns fatores foram importantes para a queda da rocha, sendo o principal a geografia do local. “Presença de material argiloso na base da rocha que caiu, erosão na base da rocha (nível da água muda dependendo da época do ano)”, frisou. “O bloco estava sendo erodido na base durante anos. O fluxo da água que cai da cachoeira vai de encontro ao local da rocha que caiu, contribuindo para a erosão da base.”
Um dos pontos que, inicialmente, chamaram a atenção foi uma perfuração feita por duas empresas meses antes, perto do local da tragédia (cerca de 150 metros), uma ação tradicional na região, principalmente para verificar se há água em áreas de criação de gado, por exemplo. A perícia apontou não haver relação dessa intervenção, ainda que estivesse fora dos padrões permitidos, com o colapso da pedra.
Apesar de a empresa ter apresentado autorização, Marcos Pimenta informou que não foram seguidas algumas regras, como o limite de 80 metros, atingindo-se profundidade superior a 200 metros. Outra irregularidade é que o poço deveria ter sido tapado.
*por Bel Ferraz.
Fonte: Correio Braziliense.