Análise realizada nos EUA aponta uma concentração preocupante de substâncias químicas comuns em itens do dia a dia, como móveis e roupas, nas espécies de rios e lagos. No Brasil, não há regulamentação específica sobre esses poluentes
Gabriela Chabalgoity
(crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Tucunaré, pirarucu, tambaqui e tilápia são alguns dos peixes de água doce mais consumidos no Brasil, especialmente por comunidades ribeirinhas da região norte. Porém, espécies de rios ou lagos podem ser prejudiciais à saúde. Uma pesquisa divulgada na revista Environmental Research mostrou que o consumo anual de uma única porção corresponde à ingestão de água potável contaminada com PFAS durante um mês. Esses químicos, chamados substâncias per e polifluoralquílicas (PFAS), são utilizados em diversos produtos, para deixá-los impermeáveis, antiaderentes e resistentes a manchas e, em níveis elevados, são nocivas. “A extensão em que o PFAS contaminou os peixes é impressionante”, disse, em nota, Nadia Barbo, estudante de pós-graduação da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e pesquisadora principal do projeto.
Durante a análise, foi descoberto que a quantidade média das substâncias químicas era 280 vezes maiores em peixes de água doce frescos, comparado a algumas espécies vendidas comercialmente. Os dados do teste realizado pela Agência de Proteção Ambiental e da Administração de Alimentos e Medicamentos apontaram que uma única refeição contendo o alimento pode levar a uma exposição aos PFAS semelhante ao que ocorreria com o consumo diário de outras espécies de frutos-do-mar durante um ano.
Os cientistas analisaram dados de mais de 500 amostras de filés de peixe coletados nos Estados Unidos pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), de 2013 a 2015. O nível médio de concentração dos químicos foi de 9,5 mil nanogramas por quilo. Nos Grandes Lagos da América do Norte, chegou a 11,8 mil nanogramas por quilo. “As descobertas são um problema particular para comunidades preocupadas com a justiça ambiental, cuja sobrevivência, muitas vezes, depende da ingestão de peixes de água doce que elas capturam”, destacaram, em nota, os pesquisadores do Grupo de Trabalho Ambiental da EPA.
Fonte: Correio Braziliense.