Até que seja referendado, o indicado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve promover mudanças na direção e no conselho da estatal
Fernanda Strickland
Kelly Hekally – Especial para o Correio
(crédito: Tânia Rêgo/ Agência Brasil)
Após ter seu nome aprovado por unanimidade pelo Conselho de Administração e renunciar ao mandato de senador pelo PT do Rio Grande do Norte, Jean Paul Prates assumiu a presidência da Petrobras ontem, cargo que vai ocupar interinamente até que seu nome seja analisado na Assembleia Geral de acionistas da companhia. Se confirmado, o agora ex-parlamentar vai iniciar uma nova gestão como presidente, entre março e abril deste ano, caso não haja abreviação do rito.
Após a confirmação, as ações ordinárias da estatal (Petr3) fecharam o pregão com queda de 2,79%, negociadas a R$ 29,57 no fechamento. As preferenciais (Petr4) caíram 2,75%, valendo R$ 26,20. Prates está em mandato tampão. Caio Mário Paes de Andrade — última indicação de Jair Bolsonaro (PL), renunciou ao posto no início deste mês. Até que seja referendado, o indicado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve promover mudanças na direção e no conselho da estatal, prática comum e que é prerrogativa do gestor que assume a posição.
Prates esteve no Palácio do Planalto ontem, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas entrou e saiu do local sem falar com a imprensa, em decorrência do período de quarentena, justificado pelo momento de balanço da empresa, que impede autoridades da Petrobras de se pronunciem sobre questões relacionada à estatal. A principal dúvida lançada com a confirmação do petista é a permanência ou não da política de Paridade de Preço de Importação (PPI), que vincula os valores cobrados internamente pelos combustíveis às cotações internacionais, em dólar. No Senado, Prates defendeu reiteradamente a mudança da PPI, que culpa pelos preços elevados dos combustíveis no país.
A continuidade da desoneração do PIS/Cofins é outro tema que deve avançar com a troca de comando na Petrobras. O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, já sinalizou que o assunto seria discutido com Prates, quando ele se tornasse presidente da estatal.
Outra defesa do petista enquanto parlamentar foi a expansão da capacidade de refino no país. No início deste ano, o presidente da estatal declarou que tem a intenção de aumentar, não a curto prazo, o número de refinarias em solo nacional. A articulação com o Congresso para que o projeto de lei que cria o Fundo de Estabilização de Combustíveis avance na Câmara foi ainda citada por Prates na ocasião.
A escolha de Prates, diz o economista César Bergo, do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), deu início a uma discussão importante com relação aos preços dos combustíveis. “De início, ele adotou uma postura agressiva, de alguma forma contrária à atual política da Petrobras. Depois, foi adotando um comportamento mais discreto.”
Para o especialista, “o mercado já precificou a entrada dele como presidente, mas ainda não a dos demais membros da diretoria. Então, ele vai buscar negociar o encaminhamento dessas questões internamente, de forma a não criar nenhum estresse. Mas o mercado vai estar de olho exatamente nos nomes que comporão essa diretoria”.
Fonte: Correio Braziliense.