Terça-feira , Setembro 24 2024

Celulose e fábricas fazem economia “bombar” em cidades do Bolsão

Antes, quem seguia pela MS-377, entre Água Clara e Paranaíba, percebia um imenso vazio, era possível percorrer quilômetros e quilômetros sem cruzar com nenhum veículo, num cenário bem diferente da vizinha BR-262, que liga Campo Grande a Três Lagoas. Essa calmaria já não existe mais, a estrada estadual já sentiu os reflexos da expansão da atividade florestal e a construção de uma nova fábrica de celulose à beira da rodovia, na região de Inocência, uma unidade da chilena Arauco.

A estrada passou a ser rota para um número maior de caminhões, veículos de passeio, utilitários, carros de empresas. O impacto do desenvolvimento econômico não se resume ao tráfego de veículos. Nas cidades, ele também está a olhos vistos. Municípios da região leste já vivenciavam incremento no trânsito de pessoas com o aumento do plantio de florestas de eucalipto na região, atendendo às várias fábricas do Estado e até de São Paulo, mas o início da terraplanagem para a construção da unidade da Arauco fez a economia girar mais. Como era de se esperar, a cidade a receber o maior investimento, com a instalação da fábrica, a pacata Inocência, que fica a cerca de 40 km do empreendimento, viu a movimentação ampliar no ano passado e sobreveio aquecimento recente, com a fase que deve durar um ano e empregar cerca de 1.800 pessoas na preparação da área, à margem da MS-377. As lojas de material de construção comemoram o aumento da movimentação. Para obras rápidas, alguns materiais mais tecnológicos, como drywall, painéis isotérmicos, são trazidos dos estados vizinhos.

As ruas da cidade já ficaram mais movimentadas e a comunidade até teme passar a conviver com engarrafamento. Caminhões para entrega de produtos estão mais frequentes na cena da cidade, assim como mais ônibus e pessoas de fora.

Em Inocência há trabalhadores de fora morando em alojamentos, hotéis e quitinetes. O preço dos alugueis e terrenos disparou, não há casas disponíveis para a venda. Terreno que não chegava a R$ 90 mil agora é oferecido por R$ 150 mil, conta a arquiteta Natália da Silva, dona de uma loja de material de construção. Ela acredita que a urgência da expansão vai resultar na criação de muitos imóveis de contêineres. Na cidade de Ribas, que assim como Inocência recebeu uma gigante da celulose, a Suzano, na área urbana há até hotel de andares feito com contêineres e uma empresa à margem da BR-262 tem dezenas de unidades para serem usadas em edificações, apostando nessa demanda.

A prefeitura da cidade vai se preparando para as mudanças. Uma creche foi ampliada, outra será licitada e há previsão de uma terceira com recursos assegurados por emenda parlamentar. Um concurso público foi aberto e um Plano Diretor está sendo debatido para disciplinar o crescimento da cidade. O Governo do Estado anunciou

Inocência tem oito mil moradores e há estimativa de que a população chegue a 20 mil em dez anos, com a economia local saltando da 48ª posição para ficar entre as dez maiores com o impacto da fábrica. Cidades vizinhas também acabam embarcando nessa movimentação. Três Lagoas e Água Clara ficam a cerca de 140 km e Paranaíba e Cassilândia estão a 89 km cada.

Cassilândia já tinha se tornado uma cidade dormitório para atender demandas de terceirizadas que cultivam florestas de eucalipto e até encaminhar trabalhadores para atender fábrica na vizinha Jataí, em Goiás.

Houve esforço para atrair trabalhadores para morar ali e trabalhar na região. A gestora da Casa do Trabalhador, Cristina Passos, conta que há muitos homens que por enquanto estão sozinhos alojados na cidade, mas com expectativa de adiante buscar a família e fixar residência em Cassilândia, mesmo que trabalhando em outras cidades da região.

Ela contou que novos empreendimentos chegaram com o aquecimento da economia no Bolsão, como serviços de internet, energia solar e restaurantes. A cidade também recebeu equipe da concessionária da rodovia MS-306, que foi repassada ao setor privado na região, a Way 306.

A movimentação de trabalhadores alojados em Cassilândia é feita de ônibus e vans. Além de hotéis, casas também foram alugadas para receber essas pessoas.

CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

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