Uma “contagem rápida” independente de votos da eleição venezuelana à qual o g1 teve acesso aponta uma vitória de Edmundo González Urrutia sobre Nicolás Maduro por 66,1% a 31,3%.
Esta foi uma das quatro contagens independentes que a líder opositora María Corina Machado afirmou ter recebido no domingo (28), indicando a vitória de González. Os números da contagem paralela ainda estão sujeitos a alteração.
A pesquisa foi batizada de AltaVista e baseada numa amostra estratificada de 999 seções eleitorais.
Idealizada por uma ONG da sociedade civil venezuelana cujo nome é mantido em sigilo devido a ameaças do regime a seus integrantes, a metodologia foi registrada e desenvolvida por cientistas políticos e estatísticos. Entre eles, assinam o relatório Dalson Figueiredo, da Universidade Federal de Pernambuco, Raphael Nishimura e Walter R. Mebane, ambos da Universidade de Michigan.
A equipe trabalhou no último mês revisando o histórico das seções de votação da Venezuela nas eleições passadas, verificando a tendência do eleitor em cada uma – pró-governo ou oposição.
No entender do professor Dalson Figueiredo, da UFPE, a vantagem do método é considerar o peso histórico das seções, conforme a sua orientação (mais governo ou mais oposição). Dos 1.500 centros previstos, 999 foram tabulados até agora porque, como denunciou María Corina Machado, houve dificuldades de acesso às atas.
Figueiredo explica que a ausência de dados foi prevista na elaboração da metodologia do AltaVista. “Desenvolvemos um algoritmo original para lidar com o problema da não resposta. Nosso estudo foi previamente registrado na plataforma do Open Science Framework e todos os dados e scripts computacionais estão disponíveis para a consulta pública”.
Da Venezuela, um dos integrantes da ONG responsável pelo projeto conta que 1.500 agentes locais estiveram envolvidos na conferência das atas eleitorais.
A discrepância entre os dados do CNE e do projeto AltaVista é enorme. O órgão eleitoral controlado pelo regime chavista afirma que Maduro obteve 51,2% dos votos e González, 44,2%. A contagem rápida independente revelou a vantagem de González, com uma diferença de 34,8 pontos percentuais para Maduro e margem de erro de 0,5%. Os números chegam perto dos 70% dos votos que María Corina Machado e Edmundo González dizem ter obtido.
A cifra apresentada pelo regime, sem comprovação das atas, não surpreendeu o grupo que coordenou a contagem rápida. A demora de seis horas na divulgação do resultado corroborou a tese de que o regime poderia virar o jogo, caso estivesse em desvantagem.
fonte: g1