Às 20h30 do dia 1º de setembro de 1910, à luz de um lampião, na esquina das ruas José Paulino e Cônego Martins, no bairro do Bom Retiro, o grupo de operários formado por Anselmo Corrêa, Antônio Pereira, Carlos Silva, Joaquim Ambrósio e Raphael Perrone fundaram o Sport Club Corinthians Paulista.
Com mais oito rapazes, foi formada a reunião dos primeiros integrantes e sócio-fundadores do Timão, que teve seu nome inspirado na equipe inglesa Corinthian FC, que mais tarde se tornava Corinthian-Casuals Football Club, e fazia excursão pelo Brasil. O presidente escolhido por eles foi o alfaiate Miguel Battaglia, que, já no primeiro momento, afirmou: “O Corinthians vai ser o time do povo e o povo é quem vai fazer o time”.
Um terreno alugado na Rua José Paulino foi aplainado, virou campo e foi lá que, já no dia 14 de setembro, o primeiro treino foi realizado diante de uma plateia entusiasmada, que garantiu: “Este veio para ficar!”. Apenas quatro anos após estrear nos gramados, ou melhor, nos campos de terra da várzea paulistana, o Corinthians conquistava o seu primeiro título. Com dez vitórias em dez jogos, o time de origem operária que lutava contra o status do futebol da época, dominado pelas elites, vencia o Campeonato Paulista de futebol.
A partir daí o crescimento do clube fundado no Bom Retiro não parou. Logo na segunda década de vida, o Sport Club Corinthians Paulista se consolidou como uma força dominante nos campos de futebol do estado de São Paulo. Na década de 20, a conquista da Taça do Centenário da Independência do Brasil em 1922, e dois tricampeonatos estaduais (1922, 1923 e 1924 e 1928, 1929 e 1930) colocavam o clube alvinegro como uma das maiores potências da cidade. Também neste período, surgia o primeiro ídolo do time. Até hoje, nenhum outro jogador vestiu a camisa corinthiana por mais tempo que Manoel Nueses, o Neco. Foram 17 anos, entre 1913 e 1930, com oito títulos conquistados.
No fim dos anos 20, o Corinthians se mudaria para a zona leste de São Paulo. Com a compra do terreno do Parque São Jorge, onde atualmente fica a sede social do clube, o Timão se estabelecia na região que hoje é a mais populosa da capital paulista e reconhecidamente um reduto de corinthianos. Em 1930, a equipe do Parque São Jorge ganha também o apelido de “campeão dos campeões” ao derrotar o Vasco em confronto envolvendo os campeões estaduais do Rio de Janeiro e São Paulo.
Na década seguinte, o Timão engataria o terceiro tricampeonato paulista (1937, 1938 e 1939) antes de enfrentar o primeiro jejum de títulos. De 1941 a 1951, o clube alvinegro não conquistou nenhum título de grande relevância, mas tem na história vitórias importantes em amistosos internacionais, como contra River Plate (ARG) e Torino (ITA) e a chegada de futuros ídolos da Fiel, com Cabeção, Idário, Roberto e Luizinho.
Já na década de 50, o Timão apresenta um dos maiores esquadrões de sua história que, entre 1950 e 1955, conquistou nada menos do que seis títulos. Em 1950, venceu o Torneio Rio-São Paulo pela primeira vez. No ano seguinte, a histórica equipe do ataque dos 100 gols voltou a conquistar o Campeonato Paulista depois de dez anos. Pela primeira vez na era profissional, um clube alcançava a marca centenária de gols em uma competição. No ano seguinte veio o bi estadual e, em 1953, mais uma conquista do Torneio Rio-São Paulo.
A maior das conquistas, porém, aconteceu em 1954. Além de vencer o Torneio Rio-São Paulo pela terceira vez, o Timão conquistou o título do IV Centenário da fundação da cidade de São Paulo sobre o maior rival, o Palmeiras.
De 1954 a 1977, o clube alvinegro viveu o período de maior seca de sua história. Foram quase 23 anos sem dar uma volta olímpica, embora em 1966 tenha conquistado o Torneio Rio-São Paulo, dividido com outras três equipes por falta de datas para a conclusão do torneio.
Mesmo sem conquistar títulos, a torcida corinthiana demonstrava sua força e não parava de crescer. O time do povo provava sua popularidade e levava multidões onde quer que disputasse uma partida de futebol. Além disso, o Corinthians via surgir, no famoso terrão alvinegro, uns dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos: Roberto Rivellino, que entre 1965 e 1974 disputou 475 jogos e marcou 144 gols com a camisa alvinegra.
Foi neste período também que o Brasil presenciou uma das maiores demonstrações de amor a um clube. Pela semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976, quando o Corinthians já completava 22 anos sem títulos maiores no currículo, mais de 70 mil corinthianos dividiram o Maracanã com a torcida do Fluminense, o episódio ficou conhecido como a Invasão Corinthiana.
Enquanto no futebol a Fiel esperava o título, outra modalidade do clube dava alegrias ao torcedor. A equipe de basquete do Timão, liderada por Wlamir Marques, era uma das maiores forças do basquete sul-americano e mundial. Entre 1954 e 1977, período sem conquistas nos campos de grama, o Corinthians conquistou sete Campeonatos Paulistas, três Campeonatos Brasileiros (1965, 1966 e 1969), além de dois Campeonatos Sul-Americanos de Clubes, em 1964 e 1969.
Com o fim do jejum em 1977, o Corinthians dava início a um novo período em sua história, repleto de glórias e conquistas. O gol de Basílio contra a Ponte Preta, que deu o título estadual para o clube do Parque São Jorge depois de quase 23 anos, é até um dos mais lembrados e mais comemorados pela Fiel. A equipe corinthiana voltava aos trilhos, conquistando o Campeonato Paulista de 1979 e restabelecendo-se como grande potência do estado e do país.
A década de 80, embora repleta de conquistas, é marcada por um movimento jamais visto em qualquer outro clube de futebol do planeta. Em 1982, jogadores e dirigentes do Corinthians decidiram tomar as decisões do clube por meio do voto. Sem importância de cargo, os votos tinham o mesmo peso e as decisões eram tomadas ouvindo as opiniões de todos. Considerando o momento vivido pelo Brasil, governado por um regime militar autoritário, a Democracia Corinthiana, como ficou conhecido o movimento, foi algo único. Liderado por Sócrates e com a ajuda de jogadores como Casagrande, Zé Maria e Wladimir, o Corinthians conquistou o bicampeonato estadual em 1982 e 1983, ambas derrotando o rival São Paulo na decisão. No fim da década, o Timão conquistaria mais um título estadual, em 1988, antes de se postular como grande força nas competições nacionais, que passavam a ter maior importância no cenário esportivo brasileiro.
Em 1990, a primeira conquista do Campeonato Brasileiro. Em final contra o São Paulo, Tupãzinho, o talismã da Fiel, deu a taça nacional para o Timão. Na metade dos anos 90, o Timão derrotou o Grêmio e conquistou sua primeira Copa do Brasil. Fechando a década, um dos maiores times da história da equipe alvinegra, que conquistou dois títulos do Campeonato Brasileiro. Em 1998, após os empates em 2 a 2 e 1 a 1 nos primeiros jogos, o Timão venceu o Cruzeiro por 2 a 0 na última partida, com gols de Edílson e Marcelinho Carioca, sagrando-se bicampeão brasileiro. A equipe de Vanderlei Luxemburgo marcou 57 gols em 32 duelos, sendo que 19 deles foram do artilheiro Marcelinho Carioca.
No ano seguinte, o Corinthians levou mais um Paulista e, pelo segundo ano consecutivo, o Brasileiro. Como havia acontecido no ano anterior, o Alvinegro dominou o nacional de ponta a ponta em 1999. Os resultados dos três jogos finais foram: Atlético-MG 3 x 2 Corinthians, Corinthians 2 x 0 Atlético-MG e Corinthians 0 x 0 Atlético-MG. Dessa vez, o técnico era Oswaldo de Oliveira. Luizão marcou 21 dos 61 gols que o Alvinegro fez durante as 29 rodadas.
Fechando o histórico período, a equipe alvinegra conquistaria o título do primeiro Campeonato Mundial de Clubes da FIFA. Disputado no Brasil, o Timão passou por Raja Casablanca (MAR), Al-Nassr (ASD) e Real Madrid (ESP) na fase de grupos e derrotou o Vasco na decisão, disputada no Maracanã.
No século XXI, o clube do Parque São Jorge se estabeleceu como o mais vitorioso do país. De lá para cá, o time do povo venceu sete Campeonatos Paulistas (2001, 2003, 2009, 2013, 2017, 2018 e 2019), um Torneio Rio-São Paulo (2002), uma Recopa Sul-Americana (2013), duas Copas do Brasil (2002 e 2009), quatro Campeonatos Brasileiros (2005, 2011, 2015 e 2017), e claro, o título inédito tão aguardado pela Fiel: a CONMEBOL Libertadores (2012), de forma invicta e, no fim do ano, o segundo Mundial de Clubes FIFA, superando o Chelsea, da Inglaterra, na grande final.
Desde 2014, a Fiel tem um dos estádios mais bonitos e modernos do Brasil. A Neo Química Arena, palco da abertura da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 e sede dos Jogos Olímpicos Rio 2016 também recebe eventos nacionais e internacionais, como shows musicais, festas universitárias e, mais recentemente, será palco do primeiro jogo da liga americana de Futebol Americano, NFL, na América do Sul.
No dia 1º de setembro de 2024, o Sport Club Corinthians Paulista faz aniversário.
O time do povo, fundado por operários e de origem humilde, completa 114 anos de vida!
Nada melhor do que comemorar em arena. Time feminino do Corinthians ganhou de 3 a 1 do Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro e o time masculino venceu o Flamengo por 2 a 1 na tarde deste domingo (1º) pelo Brasileirão, na Neo Química Arena.Agora, o calendário brasileiro tem uma pausa para a Data Fifa. Depois, o Corinthians terá o jogo de volta contra o Juventude pela Copa do Brasil, no dia 11 de setembro, e em seguida, no dia 14, visita o Botafogo pelo Brasileirão.
Na mesma situação, o Flamengo recebe o Bahia com a vantagem de 1 a 0 na Copa do Brasil, e, pelo Campeonato Brasileiro, recebe o Vasco, no dia 15.