Sexta-feira , Novembro 22 2024

Seca no Pantanal: Animais correm para matar sede após água chegar em caminhões-pipa; assista

Animais afetados pela estiagem deste ano no Pantanal, em Mato Grosso, têm encontrado alívio com a ajuda de caminhões-pipa. Entidades que atuam no resgate de bichos e em combate às queimadas tiveram que contratar veículos para abastecer áreas originalmente alagadiças, mas que ficaram completamente secas em 2021.

Lontras, ariranhas, capivaras, tuiuiús e jacarés, entre outros animais, aproveitaram para se refrescar e matar a sede assim que as áreas alagáveis situadas embaixo de pontes, na rodovia Transpantaneira, acumularam a água despejada dos caminhões-pipa.

A aproximação dos animais foi registrada em vídeo pelas equipes que trabalhavam no abastecimento. As imagens mostram o momento em que ariranhas, lontras e capivaras sedentas correm para a poça que se formou. Os bichos sequer esperaram desligar as mangueiras que saíam dos caminhões-pipa.

— É um trabalho paliativo, o volume que a gente consegue colocar é infinitamente menor do que precisa, a seca está muito forte. Dois, três dias depois, já seca novamente. O único jeito de resolver é a chuva mesmo — explica o responsável técnico da Ampara Silvestre, o médico veterinário Jorge Salomão.

À espera da chuva

Na última semana, equipes da Ampara Silvestre e do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad-Brasil) trabalharam durante seis dias no abastecimento das pontes. Ao todo, foram mais de 300 mil litros de água utilizados entre a cidade de Poconé e o distrito de Porto Jofre.

Os trabalhos foram concentrados em três das mais de 135 pontes existentes na Transpantaneira. Nesses locais, não passa rio embaixo, mas a área costuma ficar alagada, é habitat de jacarés e atende aos outros bichos do Pantanal.

Nas últimas semanas, a Ampara Silvestre e a Grad-Brasil retiraram cerca de 70 jacarés de áreas originalmente alagadas que ficaram secas neste ano. Os animais estavam debilitados, sem alimento, inclusive com situações de canibalismo.

A solução para o drama enfrentado no Pantanal virá apenas com a chuva. Enquanto ela não chega, as ONGs arrecadam recursos por meio de doações para financiar mais caminhões-pipa. Cada dia custa, em média, R$ 3 mil. Esse valor paga a diária, combustível e despesas com motorista. No entanto, as equipes enfrentam dificuldades para abastecer os veículos.

A seca está muito forte, alguns pantaneiros dizem que é a pior dos últimos dez anos. Então estamos com dificuldade de encontrar lugar para tirar água. Temos o caminhão-pipa disponível para locar, a equipe para retirar a água, mas falta de onde tirar — afirma Salomão.

As entidades têm buscado água em poços artesianos, mas como o volume retirado é grande, eles precisam de tempo para se recuperar. Também foi feita uma tentativa de retirar do rio Pixaim, mas ele já não tem capacidade, pois está com nível muito baixo.

O Pantanal enfrenta neste ano mais uma seca histórica. Neste mês, o EXTRA mostrou que a seca e as queimadas transformam um tanque de água em lamaçal. A situação foi tão drástica que antas aceitaram água direto na boca, o que é incomum para animais silvestres.

Fonte: Folha de Dourados.

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